Schubert (1797-1828): Schwanengesang – Andrè Schuen & Daniel Heide ֎

FRANZ SCHUBERT

Schwanengesang, D. 957

Andrè Schuen, barítono

Daniel Heide, piano

 

É domingo e há uma clara ameaça de tempestade. São as águas de março…

Ultimamente tenho ouvido música no meu estúdio onde passo a maior parte de meu tempo produtivo. O computador está conectado a um DAC (digital audio converter) que por sua vez está conectado ao amplificador, um receiver Yamaha, provavelmente fabricado na China. O Yamaha já passou por uma intervenção eletrônica, possivelmente resultado de oxidação (zinabre para todos os lados), morar perto da praia tem seus custos. Ele está ligado a um par de caixas de som Bose, do tipo shelf, e mais nada, no subwoofer.

Isso é tudo que preciso para ouvir esse maravilhoso disco, Schubert, Schwanengesang.

Eu tenho uma certa birra com esse título, o Canto do Cisne, faça-me o favor. A despeito de minhas restrições pessoais, o título foi aposto numa coleção de canções, reunidas para a publicação pelo editor Tobias Haslinger, em 1829, depois da morte de Schubert. Claro que ele tinha em vista o sucesso dos dois ciclos de canções, Die schöne Müllerin (1824) e Winterreise (1828), publicados anteriormente. A diferença está no fato que os dois primeiros ciclos são sobre poemas do mesmo poeta, Wilhelm Müller, escritos como um ciclo de poemas. No caso de Schwanengesang temos 14 canções escritas no fim da vida de Schubert sobre poemas de três diferentes poetas,  não tratam de um único tema, nem tem uma sequência narrativa, como os ciclos anteriores. Apesar disso, o conjunto funciona maravilhosamente como um programa de um recital, no qual a densidade e a profundidade de algumas canções, especialmente aquelas com letra de Heinrich Heine, faz contraponto com as canções mais leves e brilhantes, algumas com letras de Ludwig Rellstab e aquela de Johann Gabriel Seidl, que como poeta não parece ter a mesma dimensão que Heine. Aliás, Heine (1797 – 1856) foi contemporâneo de Schubert (1797 – 1828), sendo que este teve vida mais breve. Os poemas de Heine também inspiraram outras compositores de Lied, especialmente Schumann, mas isso é outra postagem.

Os sete poemas de Rellstab, que se tornaram as sete primeiras canções do Schwanengesang, foram enviadas para serem musicadas por Beethoven, mas acabaram nas mãos de Schubert, encaminhadas pelo assistente-secretário-biógrafo-faz-tudo Anton Schindler. Não consigo deixar de pensar nas palavras ‘lista de Schindler’.

As gravações do ciclo são inúmeras, parece haver mais cantores de Lieder do que apreciadores. Na era dos CDs passou-se a acrescentar mais algumas canções ao disco, para engordar o tempo, mas antes disso, os LPs costumavam trazer apenas as tais 14 canções, assim como neste disco, pós CDs. Eu ouvi centenas de vezes um LP da gravadora de selo amarelo com o barítono Hermann Prey, que foi para Dietrich Fischer-Dieskau o equivalente ao que Roger Moore foi para Sean Connery, se é que você me permite essa liberdade… Desde então, não me canso de ouvir essas canções.

Mas chega de lero, vamos aos disco, que é maravilhoso. Não se deixe irritar pela capa, compare com aquela do disco do HP e verá como o departamento de arte da DG tem evoluído. O que conta é o conteúdo do pacote.

A dupla dando palhinha para a turma do PQP Bach logo depois da entrevista para a postagem…

A voz do Andrè Schuen é espetacular, muito bonita mesmo e ele está em excelente sintonia com o pianista que o acompanha já há um bom tempo, Daniel Heide.

Segue trechos da crítica que pode ser lida na íntegra aqui , na tradução feita com a ajuda do Chat PQP: […] O barítono ítalo-tirolês Andrè Schuen é uma figura cada vez mais destacada no mundo do Lieder. Schwanengesang não desperta sua forte imaginação interpretativa e não deveria. As tentativas de impor uma linha direta a este ciclo têm sido desastrosamente redutoras. Em vez disso, aprecia-se a voz de barítono fresca e lindamente contornada de Schuen, plena de controle de respiração que lhe permite navegar em longas linhas vocais com um senso iluminador de direção musical de longo prazo, além de uma articulação reveladora do texto. […] Da mesma forma, o pianista Daniel Heide leva em consideração a imagem completa de qualquer canção […] 

Franz Schubert (1797 – 1828)

Schwanengesang, D. 957

  1. Liebesbotschaft
  2. Kriegers Ahnung
  3. Frühlingssehnsucht
  4. Ständchen
  5. Aufenthalt
  6. In der Ferne
  7. Abschied
  8. Der Atlas
  9. Ihr Bild
  10. Das Fischermädchen
  11. Die Stadt
  12. Am Meer
  13. Der Doppelgänger
  14. Die Taubenpost, D. 965a

Andrè Schuen, barítono

Daniel Heide, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 136 MB

Andrè Schuen

Trecho do site da DG: Schubert’s enigmatic final collection of songs, Schwanengesang, is the subject of baritone Andrè Schuen and his longstanding accompanist Daniel Heide’s second release for DG. Baritone Andrè Schuen calls Schwanengesang “my greatest love among the Schubert lieder. Especially the Heine settings; they move me the most!” His admiration for the cycle dates back to a time before he had even become a professional singer: “It’s one of the first lied compositions I got to know. I remember a recording with Dietrich Fischer-Dieskau that I played over and over again.”

Escolha seu 007 preferido…

Da série ‘fortune cookie’: As comparações são odiosas!

Aproveite!

René Denon

Deixe um comentário