Iánnis Xenákis (1922-2001): Orchestral Works, Vol.1

Iánnis Xenákis (1922-2001): Orchestral Works, Vol.1

Talvez seja cedo falar sobre quem fica e quem sai do cenário musical nos próximos anos. Mas das injustiças cometidas no passado, já melhoramos muito. Quem ainda a pouco duvidava da excelência de um Haydn, hoje quebra a cara. Em qualquer lugar sério, sua maestria é reconhecida. São inúmeros os concertos e gravações em sua homenagem. Vivaldi também passou por situação semelhante. Telemann é outro mestre que sofreu muito pela maldita comparação com Bach, mas hoje há vastíssima discoteca dedicada a ele. Enfim, estamos falando da redenção de compositores bem antigos. E o que acontecerá com a música dos compositores pós-1945? Acho que todos concordam que ela nunca será popular, pois exige do ouvinte uma participação muitas vezes extenuante e pouco recompensadora. Toda vez que ouço Pli Selon Pli de Boulez perco alguns quilos. Como disse, ainda é cedo.

No entanto, não podemos dizer que este cenário pós-1945 foi homogêneo. Trago Xenakis para provar que sua música lembra muito a impetuosidade de um Beethoven, não é necessário pensar muito em ritmo ou texturas (apesar da música ser riquíssima nesse quesito), é como pular no precipício, você não tem muito o que fazer, mas nunca irá bocejar. Acredito que Xenakis vai permanecer conosco para sempre.

Iánnis Xenákis (1922-2001) – Orchestral Works, Vol.1

1 – Aïs, for amplified baritone, solo percussion & orchestra
2 – Tracées, for 94 musicians
3 – Empreintes, for 85 musicians
4 – Noomena, for 103 musicians
5 – Roáï, for 90 musicians

with Beatrice Daudin
Luxembourg Philharmonic Orchestra
Conducted by Arturo Tamayo

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Xenákis
Xenákis: impetuosidade e permanência

CDF Bach

Erkki-Sven Tüür (1959): Symphony Nº 4 (Magma)

Erkki-Sven Tüür (1959): Symphony Nº 4 (Magma)

Sobre a polêmica, erudito e popular, que também lembra um pouco a relação ateu e teísta, não há muito que dizer, é mesmo um assunto interminável e muito controverso. Mas é inegável a coexistência entre aquele que afirma e o que nega. Por isso, nos assuntos musicais, só conheço Música e musiquinha; e nos assuntos religiosos, sou pós-teísta, aquele que não vê relevância no assunto. Mas é óbvio que certas “categorias” de músicos vivem na sombra dos grandes mestres, transformando belezas e inovações em clichês, e raramente fogem do meu padrão de musiquinha.

Sou extremamente crítico com relação às “misturas”. Não pela tentativa de encontrar uma linguagem inusitada, mas utilizar esse fato, o de misturar rock e clássico ou rock e jazz, como o principal elemento da obra musical; o que é um absurdo. No recife, o fator mais importante é misturar, mesmo que o resultado, na maioria das vezes, seja de uma mediocridade só. Temos um pianista famoso por aqui, que usa como logotipo – “quem disse que o erudito e o popular não podem se casar?” Claro que pode. Quem é um apaixonado por Villa, sabe que essa mistura funciona muito bem. Mas no caso particular do referido pianista, vejo apenas uma sombra distante de “erudito” (aliás, termo pedante que só existe no Brasil. Certo é música clássica ou Música, como costumo chamar).

Trago para vocês uma interessante tentativa. A sinfonia n.4, Magma, de 2002 escrita pelo compositor nascido na Estônia – Erkki-Sven Tüür (quem se habilita a pronunciá-lo?) . O cara tinha uma banda de rock, no fim dos anos de 1970, chamada “In Spe”, que já misturava elementos da música barroca. Na sinfonia ou sinfonia concertante para percussão é visível a forte influência do Rock e Jazz. Eu acho que ele foi bem sucedido, a peça é envolvente; apesar de certas passagens pouco inspiradas, levando minha concentração a se perder. Mas dessa nossa geração de “misturas”, poucos tem a competência de Tüür.

P.S.:A percussionista Evelyn Glennie é absolutamente incrível, e acreditem, a moça é surda.

Erkki-Sven Tüür (1959): Symphony Nº 4 (Magma)

Faixas:

1. – Igavik (Eternity) for male choir & orchestra (in memoriam Lennart Meri, 2006)
2. – Inquiétude du fini for chamber choir & orchestra (dedicated to Arvo Pärt, 1992)
3. – Symphony No.4 Magma for solo percussion & symphony orchestra (dedicated to Evelyn Glennie, 2002)
4. – The Path and the Traces for strings (2005)

Estonian National Symphony Orchestra
Conducted by Paavo Järvi

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Tüür
Tüür

CDF

Arnold Schoenberg (1874-1951): Weihnachtsmusik & Transcriptions

Arnold Schoenberg (1874-1951): Weihnachtsmusik & Transcriptions

Link revalidado por PQP

Volto com 3 belos discos. O primeiro disco foi uma agradável surpresa. Traz uma pequena peça para o Natal e transcrições feitas por Schoenberg. Todas as peças são miniaturas transcritas para um pequeno quinteto às vezes com violinos, clarinete ou flauta, mas sempre com a presença marcante do harmonium (um tipo de sanfona avantajada) e piano. A peça que abre o disco, Weihnachtmuzik, é melódica e despretensiosa, para ouvir com toda a família perto da árvore de Natal. A transcrição do Lieder eines fahrenden gesellen de Mahler é a jóia do disco, neste caso para ouvir sozinho. Berceuse élégiaque de Busoni também recebe uma transcrição excelente, parece um Arvo Part melhorado. No final temos uma justa homenagem ao Strauss II, que fazia uma música ligeira de altíssima qualidade. Duas adoráveis transcrições das famosas Rousen aus de Sudem e Kaisewalser. Todas as obras do disco foram escritas por volta de 1920. Claro que a motivação maior dessa postagem é para lavar a alma e prepará-la … (continua)

Faixas:

1. Weihnachtsmusik (Musique de Noël), for 2 violins, cello, piano & harmonium
2. Transcription ‘Lieder eines fahrenden Gesellen’: Wenn mein Schatz Hochzeit macht
3. Transcription ‘Lieder eines fahrenden Gesellen’: Ging heut’ Morgen übers Feld
4. Transcription ‘Lieder eines fahrenden Gesellen’: Ich hab’ ein glühend Messer
5. Transcription for voice & chamber ensemble of Mahler’s ‘Lieder eines fahrenden Gesellen’: Die zwei
6. Transcription for piano quintet, flute, clarinet, piano & harmonium of Busoni’s ‘Berceuse elegiaque’
7. Transcription for string quartet, flute, clarinet & piano, of Johann Strauss’ ‘Emperor Waltz’
8. Transcription for string quartet, harmonium & piano of Johann Strauss’ ‘Rosen aus dem Suden’

Performed by Paul Meyer, Michel Moragues, Isabelle Berteletti, Louise Bessette, Jean-Luc Chaignaud

Conductor by Michel Béroff

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Transcreve, Arnold, transcreve...
Transcreve, Arnold, transcreve…

CDF Bach

Karlheinz Stockhausen (1928-2007): Unsichtbare Chore from DONNERSTAG aus LICHT

Karlheinz Stockhausen (1928-2007): Unsichtbare Chore from DONNERSTAG aus LICHT

Stockhausen foi um arrojado pretensioso, mas isso não pode ser considerado um defeito do compositor. Muita música de qualidade foi feita em terreno de soberba e egoísmo. Além disso, não podemos deixar de esquecer que há muita sinceridade nesta manipulação do destino, a crença do compositor que a música pode ter importância na transformação do mundo. Stockhausen acreditava que sua música conectava o homem a Deus assim como seres de outros mundos. Uma mistura de crenças judaico-cristãs com ufologia.

A ópera Licht, composta em sete partes, cada uma relacionada aos dia da criação, é o exemplo máximo desta pretensão. Ela teve início em 1977 e foi completada em 2003. A execução desta ópera é praticamente impossível de ser realizada, pois Stockhausen exige uma série de estruturas extra-musicais (diversos tipos de combinações sonoras, uma parafernália eletrônica,…) que levariam qualquer produtor ao desespero. A mais notável dessas exigências é o uso de quatro helicópteros (já postada aqui). O que vamos ouvir agora é um trecho de mais ou menos 48 minutos da ópera “Quinta-feira” chamado de Unsichtbare Chore (coros invisíveis). A gravação que temos aqui foi lançada pela gravadora Deutsche Grammophon no início desse ambicioso projeto (hoje um disco raríssimo de encontrar). A música é para coro com intervenções inusitadas.

Performed by West German Radio Chorus
Prepared by H. Schernus, G. Ritter and K. Stockhausen

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E agora é só apertar um botão, tá?
E agora é só apertar o botão, tá?

CDF / PQP (Revalidação)

Wolfgang Rihm (1952) e Alfred Schnittke (1934 -1998): String Quartets Nros. 4

Wolfgang Rihm (1952) e Alfred Schnittke (1934 -1998): String Quartets Nros. 4

Post revalidado por PQP Bach.

É com grande alegria que termino o delicioso livro do Arthur Nestrovski – Outras Notas Musicais. O livro é um compilação dos últimos dez anos da vida musical desse crítico, músico, poeta e agora, diretor artístico da Osesp. Mais ou menos 95% das críticas foram impressões vividas nas salas de concertos de São Paulo. Os progressos da Osesp, as tentativas operísticas no Municipal (muitas falhas e sucessos), os célebres convidados (Barenboim, Masur, Gidon Kremer,…), a Cultura Artística,… A descrição de Nestrovski é, na medida do possível, completa e detalhada. Só quando a clareza não é mais possível, a poesia de Nestrovski contorna essa dificuldade. Um livro sobre música e como escrever sobre música. Assim como algum de nós, Nestrovski é um entusiasta da música moderna, em especial Alfred Schnittke. Seu relato do concerto do Alban Berg Quartett na sala Cultura Artística (2003) é invejável, nos apresenta a natureza do quarteto de cordas n.4 de Schnittke, às vezes com simplicidade e noutras, em detalhes quase audíveis (ex: “Final do terceiro movimento: primeiro violino entoa uma melodia cromática, dobrada em oitavas pelo violoncelo sul ponticello…o segundo violino sustenta uma nota longa. Viola pontuando em pizzicato…”). Para compensar a frustração de não ter ido a este concerto, deixo com vocês uma gravação ao vivo do Alban Berg Quartett interpretando a mesma obra de Schnittke – o quarteto de cordas n.4. Não posso esquecer de mencionar o excelente quarteto de Wolfgang Rihm que abre o disco. Pode não ser genial como Schnittke, mas é extremamente empolgante. Comprem esse livro e ouçam essa música do outro mundo.

Wolfgang Rihm (1952) e Schnittke (1934 -1998): String Quartets Nros. 4

Wolfgang Rihm

1 – String Quartet No. 4: I. Agitato – 6:07

2 – Con Moto, allegro – andante – allegro molto – 6:50

3 – Adagio – 6:56

Alfred Schnittke

4 – String Quartet No. 4: I. Lento – 7:59

5 – String Quartet No. 4: II. Allegro – 8:00

6 – String Quartet No. 4: III. Lento – 6:10

7 – String Quartet No. 4: IV. Vivace – 3:49

8 – String Quartet No. 4: V. Lento – 10:39

Alban Berg Quartet

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Schnittke: o homem do poliestilismo
Schnittke: o homem do poliestilismo

CDF

Pierre Boulez (1925-): Sur Incises

Pierre Boulez (1925-): Sur Incises

Não podemos ser felizes. Não é possível a felicidade num ambiente hostil. E enquanto estivermos vivos, acabaremos cedendo, mais cedo ou mais tarde, aos ataques inusitados, às angustiantes sensações e o depressivo tédio. Então pra quê se enganar com a vida, se morrer é a melhor opção contra a infelicidade? Resposta simples, o homem é medroso, prefere sofrer, pois se acostuma com o sofrimento. Já na morte, o homem não sabe o que encontrará. Para os ateus é óbvio, tutto è finito. E para qualquer religioso de verdade, a morte o melhor caminho, a única saída para felicidade, por isso não podemos negar que os grandes homens de fé da atualidade são os suicidas.

Depois dessa introdução revigorante, gostaria de salientar certos pontos na música de Pierre Boulez que me fizeram pensar sobre esse assunto. O desconhecido é o que o homem mais teme. Não é surpresa, portanto, descobrir que a música do francês é tão pouco atrativa para o ouvinte temente. Ela foge completamente da percepção natural de um ser humano, que na maioria das vezes é acostumado à linearidade da vida, a um destino certo e um final de glória no reino divino. Mas este mesmo ser doutrinado, que sabe o certo e errado, cai na armadilha de sua própria natureza complexa e fascinante. Por mais que ele tente, a sua mediocridade não será bastante para mudar isso. Só a mediocridade máxima levará o homem à felicidade plena.

Bastam segundos de Sur Incises para percebermos que estamos perdidos. No belo livro “A música desperta o tempo” de Daniel Barenboim, há uma passagem sobre a importância da memória auditiva. Quando ouvimos música, “o ouvido lembra-se do que já percebeu e, por meio disso, volta ao passado ou pode até ter consciência dele e do presente ao mesmo tempo…o ouvido cria a conexão entre o presente e o passado e envia sinais ao cérebro quanto ao que esperar do futuro”. Algo absolutamente impossível na música de Boulez. Assim como na pintura abstrata, onde o espaço parece não ter início ou fim, na música de Boulez, a idéia de passado e futuro é inexistente. Ou seja, uma dificuldade incrível para o homem moderno que tem sempre como guia o tempo. Eis o paradoxo, a música moderna não foi feita para o homem moderno.

O sofrimento escurece os objetivos que levam à felicidade. E nesse caminho tortuoso, o som do ponteiro do relógio é ensurdecedor. Já com Boulez, aprendemos que a questão do sofrimento e felicidade é irrelevante, assim como o bendito tempo. O homem é catapultado ao espaço onde não há pontos de referências. A música de Boulez é música de contemplação.

Faixas:

1. Sur Incises (1996/1998) pour trois pianos, trois harp, trois percussion-claviers – Moment I

2. Sur Incises (1996/1998) pour trois pianos, trois harp, trois percussion-claviers – Moment II

3 – 6. Messagequisse (1976/77) pour violoncelle solo et six violoncelles

7 – 15. Anthèmes 2 (1997)

Performed by Jean-Guihen Queyras, Ensemble InterContemporain

Conducted by Pierre Boulez

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Boulez:
Boulez: o anti-medíocre

CDF

Arnold Schoenberg (1874 – 1951): Verklärte Nacht, Pelleas und Melisande

Link revalidado por PQP.

Verklärte Nacht (Noite Transfigurada), escrita em 1899 para um sexteto de cordas, foi um dos raríssimos sucessos que Schoenberg teve em vida. Já velho, quando vivia nos Estados Unidos, ficou surpreso e felicíssimo em perceber que um taxista ouvia sua música no rádio. Ao contrário de suas obras do período atonal, Noite transfigurada é apaixonante logo na primeira audição. O tema da obra é curioso: um casal se encontra numa noite de lua cheia, e no meio do pega-pega a moça revela, arrependida, que está grávida de outro homem. “Não importa” diz o rapaz, “vou cuidar da criança como se fosse minha e viveremos para sempre felizes”. A presente versão que vamos ouvir é uma transcrição feita pelo próprio compositor em 1917 para orquestra de cordas e revista em 1943. Devo confessar que Schoenberg fez certo, pois a orquestra dá mais dramaticidade à obra. Como a composição foi influenciada por Wagner e Brahms, eu diria que a versão para orquestra está para Wagner, assim como o sexteto está para Brahms. E como Karajan foi um perfeito condutor de Wagner, esta gravação é obrigatória. Até os maiores detratores de Schoenberg caem de amor por esta obra.

Pelleas und Melisande, Op. 5, escrita três anos depois, não teve o mesmo sucesso. A obra é tonal, mas tão intrincada, complexa e densa que praticamente sufoca o ouvinte. A peça é um poema sinfônico de Richard Strauss elevado a 10. Dizem alguns especialistas que Schoenberg “exagerou” no empenho de criar algo novo, mas como é recompensador. Em certos momentos eu chego a pular da cadeira: “Isso”. O problema é que o “isso” não é tão freqüente. Novamente, não há melhor defensor da obra que o general Karajan e sua filarmônica de Berlim.

Arnold Schoenberg (1874 – 1951): Verklärte Nacht, Pelleas und Melisande

1. Verklärte Nacht, Op.4 – Arr. String Orch. (second vers. 1943) – 1. Grave
2. Verklärte Nacht, Op.4 – Arr. String Orch. (second vers. 1943) – 2. Molto rallentando
3. Verklärte Nacht, Op.4 – Arr. String Orch. (second vers. 1943) – 3. Pesante
4. Verklärte Nacht, Op.4 – Arr. String Orch. (second vers. 1943) – 4. Adagio
5. Verklärte Nacht, Op.4 – Arr. String Orch. (second vers. 1943) – 5. Adagio
6. Pelleas und Melisande op.5 – Die Achtel ein wenig bewegt
7. Pelleas und Melisande op.5 – Heftig
8. Pelleas und Melisande op.5 – Ciff. 9: Lebhaft
9. Pelleas und Melisande op.5 – Ciff. 16: Sehr rasch
10. Pelleas und Melisande op.5 – Ciff. 33: Ein wenig bewegt
11. Pelleas und Melisande op.5 – Ciff. 36: Langsam
12. Pelleas und Melisande op.5 – Ciff. 43: Ein wenig bewegter
13. Pelleas und Melisande op.5 – Ciff. 50: Sehr langsam
14. Pelleas und Melisande op.5 – Ciff. 55: Etwas bewegt
15. Pelleas und Melisande op.5 – Ciff. 59: In gehender Bewegung
16. Pelleas und Melisande op.5 – Ciff. 62: Breit

Berlin Philharmonic Orchestra
Conducted by Herbert von Karajan

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“Vou cuidar da criança como se fosse minha e viveremos para sempre felizes”. É isso aí, tem que assumir!

CDF

Edgard Varèse (1883-1963): The Complete Orchestral Works – Link revalidado pois…

… PQP Bach ama este CD. Com a palavra, CDF Bach.

Observação: este post recebeu uma substancial “reforma” no dia de hoje. O comentarista Karyttus nos enviou este CD duplo em 320 kbps — a versão anterior trazia links de arquivos de 192 kbps. Sugerimos aos nossos fiéis e infiéis visitantes que baixem novamente este extraordinário trabalho.

Quem foi o pai da música moderna? Schoenberg, Stravinsky ou Varèse? Alguns dizem que Schoenberg estava muito preso ao romantismo, por isso não mereceria esse título (haja vista o famoso e polêmico artigo de Boulez, “Schoenberg morreu”), e que Stravinsky abandonou o posto, logo cedo, para vagar no neo-classicismo. Já Varese sim, esse foi aquele cuja música nunca chegou perto dos séculos anteriores. “Moderno” até as raízes. Bem, eu não acho que seja assim. Quem ouviu os dois últimos quartetos de Schoenberg sabe que aquela música não tem nada de romântica, assim como outros exemplos que devo colocar nesse site. E quem acha que Stravinsky recuou, tá muito enganado. O homem olhava para o passado para escrever música nova. Vários compositores importantes foram influenciados pelo neo-classicismo de Stravinsky. Nas suas últimas fases de composição Stravinsky escrevia música atonal à la Webern, até abandonar e escrever outra coisa. Então pela a influência que os três compositores tiveram no século XX, eu diria que a música moderna é filha de três pais, sobrinha de Webern e neta de Debussy. Mas não há dúvida que os traços dessa “moça” são mais parecidos com Varèse.

Vejam um exemplo: Amériques. Composição para grande orquestra feita no início da década de 1920. Só a seção de percussão tem 10 músicos tocando 21 instrumentos. É uma versão extrapolada da sagração da primavera de Stravinsky. Veremos que essa busca por novas sonoridades é o que caracteriza a personalidade do compositor. Por isso, depois de ter escrito obras fantásticas para orquestra, como a mais famosa Arcana ou apenas para um grupo de 13 percussionistas chamada de Ionisation (1931), Varèse passou um longo período parado. Esperava algo que o motivasse, uma sonoridade nova.

Com o aparecimento das fitas magnéticas para gravação e os equipamentos eletrônicos que iam surgindo (Varèse sempre teve bons amigos cientistas) novos timbres foram criados. Nascia a música eletrônica. A mais fascinante obra desse período é Deserts para orquestra e fita cassete. Lembra muito o filme Terminator 2, nas cenas que se passam no futuro. É assombroso. Já Poème èlectronique (1958) precisa de uma pessoa para apertar o botão e rodar a fita.

Muitos dizem que a música eletrônica é fria. Não penso assim, quem ficou dias e dias construindo aquele som foi um ser-humano criativo em busca de novas possibilidades. O processo é similar ao desenvolvimento de instrumentos clássicos, como no caso do aperfeiçoamento do piano. Enfim apenas um meio para criação.

A gravação do Chailly é célebre e premiada, mas imperfeita. Deserts neste disco, por exemplo, é sofrível e nem merece ser ouvido. A melhor versão dessa obra é aquela da gravadora Naxos (talvez eu coloque aqui). O que há de melhor neste cd são as grandes obras orquestrais com a Royal Concertgebouw a todo vapor, com especial atenção a Amériques e Arcana.

As obras anteriores à Amèrique foram queimadas, sobrevivendo uma singela canção esquecível – Un grand sommeil noir.

Edgard Varèse (1883-1963): The Complete Orchestral Works

Disco 1:

1. Tuning up
2. Amériques
3. Poème Electronique
4. Arcana
5. Nocturnal
6. Un grand sommeil noir

Disco 2:

1. Un grand sommeil noir – Version for voice & piano
2-3. Offrandes
4. Hyperprism
5-7. Octandre
8. Intégrales
9. Ecuatorial
10. Ionisation
11. Density 21.5
12-18. Déserts
19. Dance for Burgess

Performed by Royal Concertgebouw Orchestra
Conducted by Riccardo Chailly

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Edgard Varèse: pensaram que iam se livrar de mim?

CDF Bach

Witold Lutoslawski (1913 – 1994): String Quartet – LINK REVALIDADO

Gosto tanto da música de Lutoslawski que chego a dizer que ele é meu compositor favorito; claro, ao lado de Messiaen. Tenho praticamente sua obra completa na cabeceira da minha cama. Destaco esse pequeno disco (23 minutos) com uma de suas obras mais importantes: o Quarteto de Cordas (1964). Obra que submete os músicos a certas liberdades de tempo, improvisações controladas, e quase total independência entre os instrumentos. Mas não se enganem Lutoslawski é extremamente preciso em suas composições. Um senhor metódico e disciplinado escrevendo música de natureza rebelde.

Outro destaque é o Kronos Quartet, músicos que estavam possuídos nesta gravação.

Faixas:

1. String Quartet: Introductory Movement
2. String Quartet: Main Movement

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CDF

Os melhores do ano segundo CDF

Eu sempre fui muito influenciado por listas. Se encontro algo dizendo “Os Dez melhores…” procuro uma canetinha para anotar. Pensando bem, quase tudo que conheço (música, livros,…) foi por indicação. Claro que com a idade ganhei certa autonomia nas escolhas. Mas se alguém diz “você deve ler esse livro”, vou na loja comprar. Li até Paulo Coelho. Por outro lado, minha capacidade de convencer outra pessoa é sofrível. Já dei livros e discos a torto e a direito sem nenhum feedback. Por essas e por outras é que fiquei motivado a fazer essa pequena listas dos 5 melhores discos que ouvi esse ano. Pois esse frustrado que vos fala se realiza por aqui, com a boa vontade e interesse de vocês. Não tive preocupação de escolher esses discos por período ou ano que foi realizado, foi simplesmente pelos números de vezes que coloquei no meu toca-discos esse ano.
Começo com Haydn, o maior dos compositores. Bach, Mozart ou Beethoven quase nos convencem de uma certa transcendência; com Haydn, isso não acontece. Ele sempre nos coloca no chão, na vida real. Mesmo em suas missas ou oratórios a celebração não é para Deus, mas à Natureza e ao homem. Por isso o século do romantismo rejeitou o mestre da luz. Em suas óperas, tanto tempo desprezadas, podemos também encontrar a ironia e clareza que também não cativam aqueles de coração mole. “Il Mondo della luna” e “Orlando Paladino” são óperas imperdíveis, que desnudam o lado bom e engraçado da natureza humana. Sorte nossa que Haydn ganhou fôlego com sua visita a Inglaterra, lugar único na valorização de um gênio. Áustria sempre foi injusta com seus compositores em vida: Mozart, Haydn, Schubert, Mahler e Schoenberg. Salzburg, terra onde Mozart nasceu, era o lugar mais provinciano do mundo. As recordações de Mozart daquele lugar sempre foram as piores possíveis, hoje essa cidade sobrevive do turismo em cima do filho que tanto desprezou, vendendo chocolate e camisinhas com a marca Mozart. Com Haydn aconteceu a mesma coisa, sempre foi tratado como serviçal na Áustria. Já na Inglaterra, foi recebido como celebridade, vindo a ganhar um bom dinheiro, o suficiente para comprar uma bela casa e viver independente. O disco “Haydn in London” mostra um desses frutos preciosos que devemos a Londres. Na verdade, são trios para piano, flauta e violoncelo cuja riqueza está justamente em sua simplicidade cristalina.
Mahler foi outro que também passou por dificuldades na Áustria, principalmente quando dirigia a ópera de Viena. Mas ele foi tão genial que conseguiu respirar um pouco a brisa do triunfo. Só que depois de sua morte, em 1911, Mahler ainda continuou sendo desprezado por seu país por um longo tempo. Foi pela boa vontade de seus amigos Bruno Walter, Mengelberg, Klemperer e outros que sua música ainda continuou sendo ouvida nas décadas que se seguiram. Trago para vocês o ciclo de canções orquestrais “Das Knaben Wunderhorn” interpretado por Dietrich Fischer-Dieskau, Elisabeth Schwarzkopf, regida por George Szell (meu maestro preferido junto com Carlos Kleiber). Eu tenho ótimas versões dessa obra, mas aqui o negócio é diferente. O disco já começa com Revelge, a canção militarizada com toda aquela pompa instrumental, como se tivéssemos assistindo uma parada do exército rumo à um bela batalha, mas a ironia do “tralali, tralalei, tralalera” e a sensação de desastre iminente é bem típica do maior profeta da música.
Vamos agora para a Rússia, com o Grand Duet (1959) para violoncelo e piano de Ustvolskaya. A compositora, morta em 2006, teve um caso amoroso com Shostakovich; talvez um pouco traumático, já que aquela, nos últimos anos de sua vida, vilipendiava a imagem do compositor. A mulher era o cão, sua música retrata bem essa personalidade. O Grand Duet tem cinco longos movimentos com nenhum momento de alívio ou encanto. Uma obra genial por sua economia e sonoridade. No disco ainda temos a segunda sonata para cello e piano de Schnittke, no mesmo nível de “humor”. Engraçado é encontrar no início do disco uma peça de Piazzola; bem fora do contexto, mas genial. Interpretação de Rostropovich.
Os próximos dois discos, Canções de Brahms com a mezzo-soprano argentina Bernada Fink e “Dream of Gerontius” de Elgar, foram meus preferidos esse ano. Pois é, senhores, Elgar sim. Tenho raiva do compositor por tratar sua genialidade com pouco rigor. Se ele tivesse enxugado um pouco mais suas obras, ele chegaria no primeiro escalão. Mas os momentos geniais de “Dream of Gerontius” valem o esforço de ouvir passagens pouco inspiradas. As canções de Schubert e Schumann são bem gravadas e conhecidas, mas não tanto as canções de Brahms. Depois de ouvir esse disco encantador, é difícil entender porque. Estão entre as melhores de todos os tempos. A interpretação de Bernarda Fink é soberba.

Ok, pessoal, encerro minha lista esperando convencer vocês 🙂

Feliz Ano Novo!!!

cdf

Baixe Aqui – Haydn in London
Baixe Aqui – Mahler – Das Knaben Wanderhorn
Baixe Aqui – Ustvolskaya
Baixe Aqui – Elgar- Dream of Gerontius – Disco 1
Baixe Aqui – Elgar- Dream of Gerontius – Disco 2
Baixe Aqui – Brahms

Samuel Coleridge-Taylor (1875-1912): Violin Concerto

Graças ao excelente post de Ranulfus sobre o compositor negro Joseph Bologne, trago também outro compositor negro que merece ser reconhecido – Samuel Coleridge-Taylor. Nascido na Inglaterra, Taylor foi filho de um médico negro de Sierra Leone e de uma mãe inglesa. Sofreu um pouco, mas seu talento era tão grande que ainda jovem recebeu apoio da comunidade musical inglesa. Até mesmo o reconhecimento de gente importante como Elgar, Vaughan Williams, Holst…Sua obra Hiawatha (1898) para coro e orquestra, composta quando Taylor tinha 23 anos, foi um enorme sucesso. Chegou a bater o Messias de Handel em número de apresentações.

Neste disco temos uma de suas últimas obras (infelizmente o compositor morreu jovem – 37 anos) – o concerto para violino e orquestra (1910). Obra de muito lirismo e fortemente influenciada pela música de Dvorak (que sabidamente também está incluída nesse disco). Música que, nos primeiros segundos, já está presa em sua memória.

1. (Taylor) Violin Concerto in G Minor, Op. 80: Allegro maestoso- vivace
2. Violin Concerto in G Minor, Op. 80: Andante
3. Violin Concerto in G Minor, Op. 80: Allegro molto
4. (Dvorak)Violin Concerto in A Minor, Op. 53: Allegro ma non troppo
5. Violin Concerto in A Minor, Op. 53: Adagio ma non troppo
6. Violin Concerto in A Minor, Op. 53: Finale – Allegro giocoso, ma non troppo

Performed by Johannesburg Philharmonic Orchestra
with Philippe Graffin
Conducted by Michael Hankinson

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Dmitri Shostakovich (1906-1975): Cello Concertos

Fica difícil falar qualquer coisa depois de ouvir esse disco com obras do Shosta. São dois dos melhores concertos para violoncelo de todos os tempos (e morte pra quem disser o contrário por aqui). Vocês podem encontrar interpretações melhores e mais celebradas, mas a senhora Natalia Gutman conquistou o primeiro lugar da minha lista.
De brinde uma das mais virtuosas e empolgantes obras de Schnittke – Dialogue, for cello & 7 instruments. Esta obra escrita em 1965 é totalmente atonal e dentro dos moldes do modernismo pós-guerra, no entanto sua estrutura percorre todo tipo de ritmos e sentimentos (humor, raiva, leveza,..), antevendo o período poliestilístico do compositor.
Enfim, um cd IM-PER-DÍ-VEL…não, esse mote é do meu outro brother. Vou colocar meu próprio stamp: cd do CA-RA-LHO!

Faixas:

Dmitri Shostakovich (1906-1975)
1. Cello Concerto No. 1 op. 107 (1959) – Allegretto
2. Moderato
3. Cadenza – Allegro con moto
NATALIA GUTMAN, Violoncello
The USSR Radio and TV Symphony Orchestra
KYRILL KONDRASHIN

4. Cello Concerto No. 2 op. 126 (1966) – Largo
5. Allegretto – Allegretto
NATALIA GUTMAN, Violoncello
Moscow State Philharmony,
DMITRI KITAJENKO

Alfred Schnittke (1934-1998)
6. Dialogue for Violoncello and Seven Instruments (1965)
NATALIA GUTMAN, Violoncello
Gnessin Chamber Orchestra,
YURI NIKOLAEVSKY

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Alexander Scriabin (1872 – 1915): The Complete Preludes (Links Revalidados)

Os prelúdios para piano de Scriabin podem não está na categoria de suas sonatas para piano (com exceção dos 5 prelúdios op.74), mas quase todos são divinamente belos. Ao todo são 95 prelúdios curtíssimos que cabem em apenas dois CDs. Não pretendo falar sobre esses prelúdios que são tão queridos para mim, só peço que ouçam essas pequenas peças da mesma maneira como foram compostas, despretensiosamente.

A interpretação é cristalina mas não tão empolgante de Piers Lane.

CDF

CD1:

2 Preludes for piano in B major, Op. 2
Prelude for piano in C sharp minor (for left hand alone), Op. 9/1
24 Preludes for piano, Op. 11
6 Preludes for piano, Op. 13
5 Preludes for piano, Op. 15
5 Preludes for piano, Op. 16

CD2:

7 Preludes for piano, Op. 17
4 Preludes for piano, Op. 22
2 Preludes for piano, Op. 27
4 Preludes for piano, Op. 31
4 Preludes for piano, Op. 33
3 Preludes for piano, Op. 35
4 Preludes for piano, Op. 37
4 Preludes for piano, Op. 39
3 Prelude for piano in E flat major, Op. 31
4 Preludes for piano, Op. 48
2 Prelude for piano in F major, Op. 49
2 Prelude for piano in A minor, Op. 51
1 Prelude for piano in E flat major, Op. 56/1
2 Prelude for piano, Op. 59/2
2 Preludes for piano, Op. 67
5 Preludes for piano, Op. 74

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Faixas faltantes do CD2 (contribuição do Leonardo)
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CDF (revalidado por PQP)

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Fantasia para orquestra de cellos

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

A Fantasia para orquestra de cellos é uma das melhores obras de Villa-Lobos. Difícil aceitar que seja tão ignorada. Acredito que essa gravação, realizada pelo próprio mestre, é a única existente (não existe nenhuma outra informação sobre a gravação). Mas apesar do som variar entre ruim e regular, a interpretação é absolutamente vigorosa e emocionante. O segundo movimento está entre as mais lindas páginas da música. O terceiro movimento tem uma força absurda e cheiro de Brasil. Música de primeira categoria.

Além disso, as transcrições de alguns movimentos do cravo bem-temperado de Bach para orquestra de cellos são de arrancar lágrimas.

Um disco imperdível.

CDF

Faixas:
1. Fantasia: 1º Movimento: Alegretto
2. 2º Movimento: Lento
3. 3º Movimento: Allegretto Scherzando – Molto Alegre
4. From Well-Tempered Clavier: Prelúdio Nº 22
5. Fuga Nº 8
6. Prelúdio Nº 14
7. Fuga Nº 1
8. Prelúdio Nº 8
9. Fuga Nº 21

Performed by The Violoncello Society
Villa-Lobos (conductor)

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Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – Cello Concertos, Fantasia for cello

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio, pelos motivos expostos AQUI

 

Qual foi o mais importante legado deixado pelo Brasil na música? Bossa Nova? Não creio. Segundo Gilberto Freire: “só existiram três gênios no Brasil, um foi Machado de Assis, o segundo foi Villa-Lobos e o terceiro… a modéstia me impede de dizer”. Villa-Lobos foi mesmo um gênio. Um gênio que pode ter escrito passagens pouco inspiradas, mas o homem parece ter sido mais prolífico que Haydn, escreveu tanto que acabou escorregando aqui e ali. Mas ouvindo recentemente todos seus quartetos de cordas, suas bachianas, choros, concertos para piano, seus poemas sinfônicos, algumas de suas sinfonias, sua magistral obra para piano solo (Rudepoema está entre as cinco melhores obras para piano do século XX), não resta dúvida sobre sua importância. E é uma pena que um país tão pobre de grandes mestres desconheça logo o Villa. Já ouvi da boca de muito catedrático brasileiro: “Villa-Lobos não é aquele do trenzinho caipira?” Mas essa bizarrice só acontece aqui mesmo. Na Europa e Estados Unidos sua música já é razoavelmente gravada e interpretada. Até bem pouco tempo, o compositor que mais ganhava em direitos autorais no Brasil era Villa-Lobos (quer dizer, sua família).

Como o site do PQP já está recheado de pérolas do mestre, gostaria de trazer algo pouco conhecido de Villa-Lobos: os dois concertos para violoncelo e a fantasia para violoncelo. Aqui interpretados com muita dedicação pelo grande músico brasileiro Antônio Meneses. Há uma diferença bem razoável entre os dois concertos. O primeiro escrito em 1915, é menos empolgante e com orquestração inferior ao segundo, mas melodicamente muito bonito. O mestre aqui ainda era um garoto impetuoso, um discípulo da escola francesa. Já o segundo concerto de 1953, o velho compositor já tinha absoluto poder de sua criatividade e sua orquestração é magistral. Não posso deixar de comentar também minha obra favorita no disco – a fantasia para cello e orquestra. A obra é cativante e misteriosa desde o início. Sempre coloco essa peça no meu velho toca-discos.

Enfim, não são obras chaves na história do mestre, mas quem vai ignorá-las?

CDF

Faixas:

1. Cello Concerto n.1: Allegro Con Brio
2. Assai Moderato
3. Allegro Moderato
4. Cello Concerto n.2: Allegro Non Troppo
5. Molto Andante Cantabile
6. Scherzo
7. Allegro Energico
8. Fantasia for cello:adagio
9. Molto Vivace
10. Allegro Espressivo

Performed by Antonio Meneses (Cello),
Galicia Symphony Orchestra
Victor Pablo Pérez (Conductor)

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Galina Ustvolskaya (1919 – 2006): Trio – Sonata – Octeto

É difícil escrever uma lista extensa com o nome de grandes compositoras mulheres. O nome da freira Hildegard von Bingen (1098 – 1179), cuja vida fascinante , embebida de misticismo e visões, talvez possa ser colocada em primeiro lugar. Sua contribuição para música foi importantíssima no momento que a música, a nossa música, ainda estava em gestação. E depois dela? Pulando vários séculos, chegam os nomes de Clara Schumann e Fanny Mendelssohn. Duas compositoras do século XIX. É possível encontrar algumas gravações (ainda muito poucas) que nos mostram duas mulheres bem competentes. Lili Boulanger (1893 – 1918) foi uma das grandes promessas da música. Sua famosa irmã Nadia Boulanger, cuja vida no primeiro momento foi dedicada a composição, reconheceu a enorme superioridade e genialidade da irmã. Tornou-se professora por esse motivo. Mas Lili não suportou a doença e morreu muito jovem.
Hoje, quando penso nos principais compositores da atualidade (incluindo homens também), não titubeio em dizer: Gubaidulina e Saariaho. Elas são duas mulheres ativas e inovadoras que merecem nossa total atenção. Mas devo confessar que de todas essas encantadoras mulheres a minha preferida é a russa Galina Ustvolskaya. Cito aqui as palavras do seu mais importante professor, Dmitri Shostakovich: “Não sou eu quem está te influenciando, mas sim o contrário”. É verdade, a música de Ustvolskaya não se parece com a do mestre Shostakovich, nem mesmo na sua obra de estudante – o Trio para violino, clarinete e piano (1949) – aliás, sua música não lembra a de nenhum outro compositor. Alguns classificam sua música como neo-primitivista, devido a sua rudeza e repetições (não diria minimalista). Boa parte de suas composições nunca foram apresentadas ao vivo ou sequer gravadas, chegou ao ocidente apenas na década de 1980.
O octeto para 2 oboés, 4 violinos, tímpano e piano (1950), também uma obra de mocidade, é absurdamente atual e impactante. Pretendo postar outras obras dessa extraordinária e injustiçada compositora.

CDF
Faixas:
1 – Trio
2 – sonata for violin and piano
3 – Octet

The St. Petersburg soloists
Oleg Malov

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Paul Hindemith (1895 – 1963): Symphonia Serena / Harmonie der Welt

Há compositores difíceis de defender. E Hindemith é um deles. Já ouvi críticas severas, mas bem coerentes sobre a não espontaneidade de suas obras. Já certos ouvintes (como eu) que tem profunda admiração por Hindemith, não encontram argumentos suficientes para defendê-lo. Não consigo dizer porque gosto de Hindemith. Às vezes, numa mesma obra, posso sentir tédio e grande empolgação. Mas nunca deixei de ficar fascinado com sua técnica e virtuosismo. Ludus Tonalis para piano (algo como um cravo bem temperado do século XX) é um bom exemplo do que falo. Difícil ir até o fim sem bocejar, mas ouvindo com cuidado podemos esbarrar nas mais belas passagens já escritas. Dependendo com que disposição o ouvinte esteja, Hindemith pode ser um grande compositor ou um tremendo chato.

As duas obras desse disco, Symphonia Serena e Symphonia “Der Harmonie der Welt”, são ótimos exemplos do que falei, de como agarrar ou afastar o ouvinte. A riqueza orquestral dessas duas obras são inegáveis, mas podem cansar um ouvinte a procura de um sentido ou de uma estrutura. São sinfonias completamente anti-shostakovichianas. Mas nem tão pouco são vazias de expressividade.

Sentem suas bundas nas cadeiras e decidam.

CDF

1. Symphonia Serena: Moderately fast
2. Geschwindmarsch by Beethoven. Paraphrase. Wind instruments only. Rather fast
3. Colloquy. String orchestra in two sections. Quiet
4. Finale. Gay
5. Harmonie der Welt: No. 1, “Musica Instrumentalis”
6. No. 2, “Musica Humana”
7. No. 3, “Musica Mundana”

Performed by Leipzig Gewandhaus Orchestra
Conducted by Herbert Blomstedt

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Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993) – Valsas e sonata para piano

ValsasComo o CVL anda presenteando todo mundo, achei interessante trazer esse presente para ele e para vocês. As valsas de Carmargo Guarnieri são excelentes, algumas vezes penso que são melhores que as de Chopin. A sonata também é ótima (a única escrita?) e merece reconhecimento. Grande mérito à pianista brasileira Belkiss Sá Carneiro de Mendonça.

CDF

Faixas:
1 Valsa n° 1 – Lentamente – dó menor 00:03:40
2 Valsa n° 2 – Preguiçoso – dó sustenido menor 00:03:23
3 Valsa n° 3 – Com moleza – lá menor 00:03:49
4 Valsa n° 4 – Calmo e saudoso – fá sustenido menor 00:03:23
5 Valsa n° 5 – Calmo – mi menor 00:02:46
6 Valsa n° 6 – Lento – lá menor 00:04:44
7 Valsa n° 7 – Saudoso – lá menor 00:03:12
8 Valsa n° 8 – Calmo – mi menor 00:03:31
9 Valsa n° 9 – Calmo – do filme Rebelião em Vila Rica – lá menor 00:02:15
10 Valsa n° 10 – Caloroso – mi bemol menor 00:04:30
11 Sonata – Tenso 00:03:24
12 Sonata – Amargurado 00:06:00
13 Sonata – Triunfante – Enérgico (fuga) – Triunfante 00:04:10

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Schnittke (1934 -1998): Symphony no.1

Depois de 1970, com as barreiras destruídas, o mundo da música clássica não experimentou algo que pudéssemos chamar de “nova escola”. Pelo menos não tão significativa como o classicismo, romantismo ou serialismo. Como não há escola, podemos dizer que a liberdade é máxima. Por outro lado, o compositor não tem uma estrutura onde se amparar. Diferente de um Beethoven ou Wagner que expandiram o classicismo e o romantismo até a última fronteira, o compositor contemporâneo não tem base onde se fundamentar e nem o que desenvolver, tudo é vácuo.
E porque fui escolher esse ano, 1970? Pois nesse período nascia uma obra que define bem esse período de desamparo e esgotamento que viviam os novos compositores – a Sinfonia n.1 de Alfred Schnittke. Essa obra também é conhecida com a “sinfonia esquizofrênica”. Ela tem a estrutura clássica de 4 movimentos e depois…loucura. Ela tem similaridades com a Sinfonia de Berio, nas inúmeras citações de obras clássicas, no fechamento de um ciclo e a procura de um outro; mas Schnittke também vai ao submundo, “suja” sua obra com temas vulgares, não faz vistas grossas ao mundo que o cercava. A obra é “feia” mesmo, mas não podemos escapar, é de fundamental importância.
A sinfonia n.1 é uma caricatura do mundo esquizofrênico de Schnittke…e do nosso.

CDF

Faixas:
1. I. Senza tempo – Moderato – Allegro – Andante
2. II. Allegretto
3. III. Lento
4. IV. Lento
5. V. Aplause

Performed by Royal Stockholm Philharmonic Orchestra
with Carl-Axel Dominique
Conducted by Leif Segerstam

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