Talvez seja cedo falar sobre quem fica e quem sai do cenário musical nos próximos anos. Mas das injustiças cometidas no passado, já melhoramos muito. Quem ainda a pouco duvidava da excelência de um Haydn, hoje quebra a cara. Em qualquer lugar sério, sua maestria é reconhecida. São inúmeros os concertos e gravações em sua homenagem. Vivaldi também passou por situação semelhante. Telemann é outro mestre que sofreu muito pela maldita comparação com Bach, mas hoje há vastíssima discoteca dedicada a ele. Enfim, estamos falando da redenção de compositores bem antigos. E o que acontecerá com a música dos compositores pós-1945? Acho que todos concordam que ela nunca será popular, pois exige do ouvinte uma participação muitas vezes extenuante e pouco recompensadora. Toda vez que ouço Pli Selon Pli de Boulez perco alguns quilos. Como disse, ainda é cedo.
No entanto, não podemos dizer que este cenário pós-1945 foi homogêneo. Trago Xenakis para provar que sua música lembra muito a impetuosidade de um Beethoven, não é necessário pensar muito em ritmo ou texturas (apesar da música ser riquíssima nesse quesito), é como pular no precipício, você não tem muito o que fazer, mas nunca irá bocejar. Acredito que Xenakis vai permanecer conosco para sempre.
Iánnis Xenákis (1922-2001) – Orchestral Works, Vol.1
1 – Aïs, for amplified baritone, solo percussion & orchestra
2 – Tracées, for 94 musicians
3 – Empreintes, for 85 musicians
4 – Noomena, for 103 musicians
5 – Roáï, for 90 musicians
with Beatrice Daudin
Luxembourg Philharmonic Orchestra
Conducted by Arturo Tamayo
CDF Bach