Quinteto Armorial: Do Romance ao Galope Nordestino (1974), Aralume (76), Quinteto Armorial (78) e Sete Flechas (80)

IM-PER-DÍ-VEL !!! Um tesouro da cultura brasileira!

Há algum tempo notei, com susto, que não tínhamos aqui no blog um disco que considero entre os “top most” de toda a produção musical brasileira: o primeiro do Quinteto Armorial, “Do Romance ao Galope Nordestino”, de 1974.

Verdade que tínhamos várias peças desse disco na postagem do CVL “Projeto Quadrante – A Pedra do Reino” – mas nesses mixes perde-se um elemento artístico tão importante quanto cada peça em si, que é a concepção de conjunto de cada disco. Por isso, fazia tempo que vinha planejando postar aqui o tal disco de 1974.

Só que de repente me veio ideia melhor: por que postar só o disco de 1974? Porque não logo a discografia completa? E foi isso o que se fez.

Enfim, não vou contar aqui nada da história nem da teoria desse quinteto nem do movimento armorial em geral – isso vocês acham relativamente fácil com a ajuda se São Google. Prefiro reaplicar algumas considerações sobre “o que é clássico” que fiz há uns dois anos, ao postar o “Dança das Cabeças” de Egberto Gismonti. Espia aí, gente:

Afinal, o que é que faz determinada música ser “clássica” ou “erudita”? Evidentemente não pode ser a ausência de melodias cantáveis, a ausência de texto, a ausência ou pouca importância da percussão ou de determinadas instrumentações, e até mesmo ausência de vulgaridade ou banalidade… pois cada uma dessas “ausências” é contradita por abundância de presenças no repertório estabelecido.

Para muitos, “clássico” equivale, mesmo que sem consciência disso, a “em formas, escalas e instrumentações de origem européia”. Donde considerarem clássicas, p.ex., as valsas dos dois Johann Strauss, quando para mim são evidentemente música popular em arranjos para poderosos. (Não estou dizendo que são inferiores por serem populares, nem que não caibam num blog como este. As danças compostas e/ou publicadas pelo Pretorius, do século 16, também são música popular em bons arranjos, e seria uma pena não tê-las aqui!).

Para mim, o “clássico” ou “erudito” se refere ao grau de complexidade da elaboração na dimensão “forma”, e/ou de libertação em relação às duas fontes primárias da música (a dança e a declamação expressiva) na direção de uma música-pela-música. E nesse sentido encontramos “clássico” em muitas tradições totalmente autônomas da européia: chinesa, indiana, mandê (da qual postei aqui o lindo exemplo que é Toumani Diabaté), e também em outras que recebem maior ou menor medida de influxo da tradição européia, mas o incorporam em formas produzidas com total autonomia em relação a essa tradição.

O Brasil talvez seja a maior usina mundial da produção deste último tipo de música – mas não me refiro a nenhum dos nossos compositores normalmente identificados como “clássicos” ou “eruditos”: nem a Villa-Lobos, nem a Camargo Guarnieri, nem a Almeida Prado, ninguém desses: todos eles trabalham fundamentalmente com a herança das matrizes formais européias. Não que isso os desqualifique, não se trata disso! Trata-se, ao contrário, é de reconhecer a qualidade do “clássico” em música que não paga nenhum tributo a essas matrizes formais (“concerto”, “sonata”, “fuga” etc.) e por isso às vezes é tida como de segunda qualidade, quando é de primeiríssima!

E por que transcrevo isso? Porque os dois primeiros discos do Quinteto Armorial me parecem ser a realização mais perfeita desse “clássico autônomo” que o Brasil já produziu (os outros dois também são bons, mas ao tenderem um tanto mais para a documentação de repertórios e estilos populares acabam não correspondendo de modo tão puro ao que quero apontar):

Primeiro, temos aí uma formação instrumental de câmara com sonoridade única, criada aqui: não tenta fazer “músca de câmara brasileira” arranjando melodias populares para quartetos de cordas, p.ex. E é nesse sentido que o Quinteto me toca muito mais fundo que a Orquestra Armorial, por importante que o seu trabalho também seja. Mas é adaptação de uma instrumentação desenvolvida fora, esta é uma instrumentação desenvolvida aqui (reparem que falei “instrumentação”, e não “instrumental”…)

Além disso, temos peças bastante longas e livres sem nenhuma preocupação de aplicarem as tais matrizes formais de que falei – e nesse sentido me interessa mais a vertente da composição própria (basicamente de dois Antônios: o José Madureira e o Nóbrega) que a do registro de peças populares arcaicas ou atuais seja com fins de demonstrar as teorias de Ariano Suassuna ou documentais em geral.

Podemos papear mais sobre isso se vocês quiserem, mas por agora vou deixar vocês com a música! As listas de faixas apareceram milagrosamente de um dia para o outro pela colaboração do colega Bisnaga – valeu, Bisnaga!

QUINTETO ARMORIAL (Pernambuco): discografia completa

• DO ROMANCE AO GALOPE NORDESTINO (1974)
1. Revoada (Antônio José Madureira)
2. Romance da Bela Infanta (Romance ibérico do século XVI, recriado por Antonio José Madureira)
3. Mourão (Guerra Peixe)
4. Toada e Desafio (Capiba)
5. Ponteio Acutilado (Antonio Carlos Nóbrega de Almeida)
6. Repente (Antonio José Madureira)
7. Toré (Antonio José Madureira)
8. Excelência (Tema nordestino de canto fúnebre, recriado por Antonio José Madureira)
9. Bendito (Egildo Vieira)
10. Toada e Dobrado de Cavalhada (Antonio José Madureira)
11. Romance de Minervina (Romance nordestino, provavelmente do século XIX,
recriado por Antonio José Madureira)
12. Rasga (Antonio Carlos Nóbrega de Almeida)

• ARALUME (1976)
1 Lancinante (Antônio José Madureira)
2 Improviso (Antônio José Madureira)
3 O homem da vaca e o poder da fortuna (Antônio José Madureira)
4 Abertura
5 A preguiça
6 A troca dos bichos
7 Ironia ao rico
8 Aralume (Antônio José Madureira)
9 Reisado (Egildo V. do Nascimento)
10 Guerreiro (Antônio José Madureira)
11 Ponteado (Antônio José Madureira)
12 Chamada e marcha caminheira (Egildo V. do Nascimento)

• QUINTETO ARMORIAL (1978)
1 – Batuque de Luanda (Antonio José Madureira)
2 – Romance da Nau Catarineta (Antonio J. Madureira)
3 – Toques dos caboclinhos (D. P.)
4 – Entremeio para rabeca e percussão (Antônio C. Nobrega)
I – Cortejo
II – Baiano
III – Boi
5 – Ária (Cantilena da Bachianas Brasileiras nº 5
de Heitor Villa-Lobos transcrição Antônio J. Madureira)
6 – Toque para marimbau e orquestra (A. J. Madureira)
I – Galope à beira-mar
II – Bendito de romeiros
III – Marcha rural

• SETE FLECHAS (1980)
1-Marcha da folia (Raul Morais)
2-Sete flechas (Antônio José Madureira)
3-Xincuan (Antônio José Madureira)
4-Improviso (Antônio José Madureira)
5-Cocada (Lourival Oliveira)
6-Martelo agalopado (Ariano Suassuna – Antônio Carlos Nóbrega)
7-Cantiga (Antônio José Madureira)
8-Algodão (Luiz Gonzaga – Humberto Teixeira)
9-Zabumba lanceada (Fernando Torres Barbosa)

Antonio José Madureira: viola sertaneja
Edilson Eulálio: violão
Fernando Torres Barbosa: marimbau nordestino
Egildo Vieira: pífano, flauta
Antonio Nóbrega: rabeca, violino
(algumas vezes com músicos adicionais)

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Ranulfus (publicado originalmente em 09.02.2012)

31 comments / Add your comment below

  1. Indispensáveis as observações do que é música erudita. Cansei de ver gente chique achando que valsas de Strauss eram “eruditas”, só porque são um “sertanejo universitário” em roupagem clássica, enquanto tem coisas no axé, por exemplo, que são ótimas. Até Mozart disse (sem citações, que não conheço) que ele fazia uma música simples para agradar a platéia, enquanto escondia a verdadeira música no meio de tudo aquilo.

  2. Caro Ranulfus:

    Ao ver a postagem do CVL fiquei curioso quanto ao Quinteto Armorial, pesquisei na internet mas não achei muita coisa e, agora há pouco, dei uma espiada no PQP pelo celular e encontro sua postagem! Até parece que você estava escondido, aguardando uma oportunidade para fazer esta ataque-postagem-surpresa.

    Para mim isto é conhecer o Brasil lá do Nordeste, e por aqui vou!

    Até breve!

  3. O Armorial é um dos movimentos mais bonitos de nossa música! Ah, se tivesse conseguido a projeção da Bossa Nova, pelo menos o mesmo da Tropicália… Mas não nasceu no eixo Rio-São Paulo e sim em Pernambuco-Paraíba. Belo, riquíssimo e, ao mesmo tempo, ausente do lugar que destaque que merece…
    É som dos melhores do Brasil!
    Obrigadão, Ranulfus

  4. Ó Ranulfus, as faixas:

    QUINTETO ARMORIAL :
    Antonio José Madureira: viola sertaneja
    Edilson Eulálio: violão
    Fernando Torres Barbosa: marimbau nordestino
    Egildo Vieira: pífano, flauta
    Antonio Carlos Nóbrega de Almeida: rabeca, violino

    DO ROMANCE AO GALOPE NORDESTINO (1974)
    1. Revoada (Antônio José Madureira)
    2. Romance da Bela Infanta (Romance ibérico do século XVI, recriado por Antonio José Madureira)
    3. Mourão (Guerra Peixe)
    4. Toada e Desafio (Capiba)
    5. Ponteio Acutilado (Antonio Carlos Nóbrega de Almeida)
    6. Repente (Antonio José Madureira)
    7. Toré (Antonio José Madureira)
    8. Excelência (Tema nordestino de canto fúnebre, recriado por Antonio José Madureira)
    9. Bendito (Egildo Vieira)
    10. Toada e Dobrado de Cavalhada (Antonio José Madureira)
    11. Romance de Minervina (Romance nordestino, provavelmente do século XIX, recriado por Antonio José Madureira)
    12. Rasga (Antonio Carlos Nóbrega de Almeida)

    ARALUME (1976)
    1 Lancinante (Antônio José Madureira)
    2 Improviso (Antônio José Madureira)
    3 O homem da vaca e o poder da fortuna (Antônio José Madureira)
    4 Abertura
    5 A preguiça
    6 A troca dos bichos
    7 Ironia ao rico
    8 Aralume (Antônio José Madureira)
    9 Reisado (Egildo V. do Nascimento)
    10 Guerreiro (Antônio José Madureira)
    11 Ponteado (Antônio José Madureira)
    12 Chamada e marcha caminheira (Egildo V. do Nascimento)

    QUINTETO ARMORIAL (1978)
    1 – Batuque de Luanda (Antonio José Madureira)
    2 – Romance da Nau Catarineta (Antonio J. Madureira)
    3 – Toques dos caboclinhos (D. P.)
    4 – Entremeio para rabeca e percussão (Antônio C. Nobrega)
    I – Cortejo
    II – Baiano
    III – Boi
    5 – Ária (Cantilena da Bachianas Brasileiras nº 5 de Heitor Villa-Lobos transcrição Antônio J. Madureira)
    6 – Toque para marimbau e orquestra (A. J. Madureira)
    I – Galope à beira-mar
    II – Bendito de romeiros
    III – Marcha rural

    SETE FLECHAS (1980)
    1-Marcha da folia (Raul Morais)
    2-Sete flechas (Antônio José Madureira)
    3-Xincuan (Antônio José Madureira)
    4-Improviso (Antônio José Madureira)
    5-Cocada (Lourival Oliveira)
    6-Martelo agalopado (Ariano Suassuna – Antônio Carlos Nóbrega)
    7-Cantiga (Antônio José Madureira)
    8-Algodão (Luiz Gonzaga – Humberto Teixeira)
    9-Zabumba lanceada (Fernando Torres Barbosa)

  5. Gente, eu acho que o Armorial teve (e em parte ainda tem) mais projeção no Sul-Sudeste do que vocês estão imaginando – só que mais entre o público da chamada MPB e da música instrumental derivada dela. O que me parece faltar é suficiente reconhecimento da parte do segmento que se pretende “clássico” ou “erudito”.

    Aliás, esse tipo de discriminação e compartimentação do campo artístico não afeta só o pessoal fora do eixo Rio-SP. Esses dias, p.ex., conheci no YouTube o grupo coral feminino Vozes Bugras (um trocadilho inteligentíssimo, já que, acreditem ou não, a palavra “bugre” é uma corruptela de “búlgaro” em francês antigo). Pensei “Que trabalho encantador! De onde são elas? Norte de Minas?”. Aí fui ver e… vivem e trabalham dentro da cidade de São Paulo! E o impacto não vai muito além do mesmo público que acompanhou atentamente o trabalho do pessoal do movimento Armorial.

  6. Pergunta ao mestre Ranulfus (que definiu maravilhosamente bem o que são “clássicos”; é exatamente a questão da forma enquanto conteúdo): esse público – o do Quinteto Armorial ou das Vozes Bugras (nome genial) – é maior ou menor que o de música clássica “hardcore”?

  7. Boa pergunta, José Eduardo. Nunca havia colocado a questão nesses termos, então também nunca havia pensado em fazer estimativas numéricas. Por isso prefiro não dar uma resposta – tudo o que eu dissesse seria puro chutômetro.

    Mas compartilho dois pensamentos: se este público for maior, ou pelo menos intelectualmente mais afiado, que o do “clássico hardcore” como você disse, de onde vem o sentimento de que a legitimação pelo público tradicional do clássico tem alguma importância? De uma escala de valores no fundo etnocêntrica ainda em atuação nos níveis inconscientes?

    Por outro lado, a indústria lança e relança e relança valsas de Strauss e novas integrais das sinfonias de Beethoven e… o trabalho do Quinteto Armorial só foi lançado depois da espécie de conversão ou iluminação do ex-publicitário Marcus Pereira à causa da cultura de matriz brasileira, e não há programas regulares de manutenção de trabalhos desse tipo no catálogo (assim como fiquei sabendo há algumas semanas que a discografia inteira da Nara Leão está fora de catálogo).

    Que tipos de pensamentos dá pra extrair disso tudo?

    Agora sou é que largo a fala em estado de pergunta…

  8. Cheguei no Brasil em 1975 , mas nos meus primeiros anos no pais “passei batido” no Quinteto Armorial . Hoje , já mais do que razoável conhecedor da música brasileira , finalmente descubro essa maravilha ! Fantástico ! Muito obrigado !

  9. DUAS COISAS QUE NÃO SEI COMO NÃO LEMBREI DE MENCIONAR ANTES:

    1) Cada vez que deixo o som do Quinteto Armorial rolando acabo dominado pela impressão de que nada no universo musical soa tão aparentado com isso quanto… Bartók! Entendam: não a vertente de maior complexidade formal de Bartók, mas o Bartók que instrumentava danças e cantos búlgaros e rumenos, além dos húngaros. Soa como se Bartók tivesse feito os arranjos sem substituir o instrumental folclórico local pelo instrumental clássico (qualquer um que já tenha ouvido a sonoridade de um conjunto de “címbalons” da Hungria saberá de imediato do que estou falando).

    E o melhor de tudo: tenho certeza de que o pessoal do Armorial não tentou A MÍNIMA fazer isso; apenas que, fazendo o que fizeram, acontece.

    2) Acho que a maior parte de vocês não saberá que o violinista e rabequista do Quinteto Armorial é o mesmo Antônio Nóbrega que nos anos 90 espantou o Brasil com espetáculos multidisciplinares (digamos assim) como Brincante –

    … e depois estabeleceu na Vila Madalena, em São Paulo, o seu Teatro Brincante, depois Instituto Brincante – um espaço de exploração artística E DIDÁTICA das possibilidades da cultura brasileira que imagino que faria Mário de Andrade soluçar de emoção por ver que HÁ gente desenvolvendo as possibilidades do rumo que ele divisou, inclusive de formas que ele nunca imaginou.

  10. Grandes questões que você levanta, Ranulfus.

    Não sei respondê-las. Mas tenho cá pra mim que o “cânone” é mais importante do que pensamos. As coisas menos “são” do que são “ditas que são” 🙂

    Sobre o tamanho do público: fiz a pergunta porque tenho certeza absoluta de que música clássica é muito mais popular que um monte de música “popular” que tem por aí. Mesmo no Brasil. Jazz, por exemplo. Desconfio que tem menos fãs do que clássicos.

    Aquela velha história de música popular e música impopular (apud MEDAGLIA, Júlio) é pura bullshitagem, vai por mim.

  11. Olha, Eduardo. Não chega a ser bullshitagem não. Há um grande público de música clássica no país, mas que só tolera repertório standard. Com meia Sagração da Primavera, já pede pra sair. Digo isso porque já estudei o assunto e conversava muito com leigos de fóruns. Tem um advogado conhecido meu que relutava em comprar um CD pra cello e piano com peças de Marlos Nobre porque tinha medo que soasse “modernoso” e que amava Brahms por passar rapidamente por acordes de quinta diminuta e voltar no acorde seguinte aos maiores e menores (entre outros exemplos que eu poderia dar aqui).

  12. Conveio-me acrescentar: O Riada (1931-1971) é contemporâneo dos armoriais enquanto que Bartók iniciou suas pesquisas de campo anos antes, havendo quem lhe atribua a peculiaridade de ser o primeiro compositor etnomusicólogo (ao lado de Kodály).

    Os armoriais podem até não ter tentado seguir o mesmo caminho de Bartók, conforme Ranulfus fala, mas eu não afirmo que eles não tinham como conhecer o que o húngaro fazia porque o Recife possuía uma Discoteca Pública Municipal nos anos 40 (ou certamente 50) e alguns músicos e musicistas mais abastados possuíam gravações em vinil de música contemporânea (Stochausen e Penderécki era algo para iniciados, mas “encontráveis” em Pernambuco). Tenho relatos fidedignos sobre isso.

    Há também uma pulga atrás da orelha em certos compositores que veem elementos de minimalismo na obra do Quinteto Armorial. Essa pulga é porque eles acham que o minimalismo não era conhecido por lá quando talvez pudesse ter sido.

  13. Ah, é bom eu esclarecer, CVL: acho que os armoriais não tinham INTENÇÃO de fazer nada parecido com Bartók. Mas que conhecessem sua obra, acho impossível que não conhecessem.

    O ambiente musical das capitais e outras cidades importantes brasileiras era efervescente na década de 70 – e havia enorme intercâmbio de norte a sul nos festivais de férias, de inverno e de verão. Eu acompanhei isso pessoalmente a partir dos 14 anos (1971). Havia estreias mundiais de obras de vanguarda nesses festivais, e sempre havia gente de Recife e Fortaleza participando. Salvador tinha os suíços Ernst Widmer e Walter Smetak em plena atividade, e já uma geração autóctone cujas composições me deixaram absolutamente embasbacado lá por volta de 1974. Recife podia não ter essa turma, mas até onde sei NUNCA deixou de ter uma vida intelectual sofisticada, mesmo se não fosse volumosa em número de pessoas envolvidas.

  14. Recife sempre foi um importante centro de intelectualidade, desde os tempos dos holandeses. Para se ter uma ideia, o livro “Les Miserables”, de Victor Hugo foi lançado simultaneamente em Paris e… Recife. Sempre houve grupos inteligentíssimos na Veneza Brasileira. Um histórico dese não é para qualquer lugar! Não é de surpreender perceber o grau cultural dos movimentos que surgiram nessa cidade.

  15. caro ranulfus,
    o quinteto armorial é simplesmente sublime. nestes 3 discos ouço músicas que sempre me acompanharam, seja em filmes, matérias televisivas ou simplesmente fundo musical para o tema nordeste brasileiro e seu homem. timbres e melodias tipicamente deles. grande post!

    paulo de carvalho

  16. Agradeço a generosidade de nos dar acesso à esses discos do Quinteto Armorial. Pra mim são a harmonia perfeita entre o erudito e o popular. Ta tudo ali perfeitamente unido. O popular das melodias, do rítmo, dos timbres. O erudito da forma, da estrutura. E meu preferido é Aralume, que pra mim é o mais inspirado. Antonio Madureira e sua turma com composiçãoes próprias sem macular 1 milímetro da originalidade nordestina.

  17. Obra de arte obscurecida por um amontoado de coisas sem sentido. Gostaria que isso mais divulgado por aí para eu não ser considerado o único tonto por aqui a ouvir isso.
    Obrigado. o/

      1. Desculpe mas… preciso ter entendido o comentário para poder responder alguma coisa – e tem um bocado de palavras faltando pra deixar clara a ligação entre as que estão aí. Como responder ao que mal e mal se supõe o que poderia significar?

          1. Tonto? O amigo do Zorro?
            Só um tonto pode pensar assim … eiôôô Silveeerrrrrrr!!!

            Avicenna

  18. Ô, pessoal. Sou uma admirador e baixador apaixonado do site. Eu ficaria muito, muito feliz se fosse revalidado o link para os trabalhos do Quinteto Armorial… Parabéns pelo trabalho e despreendimento. Abraços!

  19. Nunca imaginei encontrar a discografia do Armorial por aqui. Isso só mostra a amplitude dos conhecimentos do pessoal. Mesmo não curtindo muito, respeito a história do quinteto.
    Parabéns aos responsáveis.

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