Aram Khachaturian (1903-1978): Piano & Violin Concerto


Khachaturian era georgiano como Stálin, mas é considerado um compositor armênio, pois seus pais eram 100% originários do país vizinho. Ele protagonizou um dos mais patéticos episódios da história da música ao ser obrigado por Stálin a escrever o hino da União Soviética a quatro mãos com Shostakovich. Diz a história que Shosta fez nhé e passou à tarefa ao georgiano — algo do tipo tô fora meu, vocês que são georgianos que se entendam… O hino saiu uma verdadeira bosta, tal a boa vontade de Khat, que escolheu suas piores melodias. Se algum de nossos leitores tiver acesso a este hino, eu até gostaria de ouvi-lo quando da próxima partida do Palmeiras. Bosta por bosta… Mas neste CD não há nada disso. Khat era excelente compositor e o demonstra com sobras aqui. Nada de Dança de Sabres e que tais, é música mesmo. Apenas lamento o fato do engenheiro de som ter gravado o som daquele fantasmal apito — que instrumento é aquele? — do segundo movimento do Concerto para Piano mais ou menos como Wagner Love bate seus pênaltis. Tsc, tsc, tsc… Vai chutar mal assim lá na Ossétia do Sul, meu.

Excelente CD!

Piano Concerto
1. Allegro Maestoso (Piano Concerto)
2. Andante Con Anima (Piano Concerto)
3. Allegro Brillante (Piano Concerto)

Annette Servadei, piano
USSR Symphony Orchestra
Constantin Ivanov

Violin Concerto
4. Allegro Con Fermezza (Violin Concerto)
5. Andante Sostenuto (Violin Concerto)
6. Allegro Vivace (Violin Concerto)

Boris Gutnikov, violino
London Philharmonic Orchestra
Joseph Giunta

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Khachaturian pontificando em casa
Khachaturian pontificando em casa

PQP

20 comments / Add your comment below

  1. Pois é, Padeiro. Ele é um compositor que foi injustamente enterrado.
    Só fui conhecê-lo graças à minha professora de piano, que executa muito bem sua Toccata em mi bemol menor.

    Aliás, bons professores fazem maravilhas pela cultura musical do aluno.

  2. Achei o episódio interessante e comecei a pesquisar sobre Khachaturian, mas só encontrei informações sobre ele ter composto o Hino da Armênia e não o da União Soviético como é informado na postagem. Ficou uma dúvida na minha cabeça. Em um primeiro momento, tenho a impressão que o texto da postagem sugere que ele tenha feito apenas um arranjo à quatro mãos e em outro, tenho a impressão que ele utilizou melodias próprias, ou seja, que ele tenha composto um hino pra União Soviética.
    De qualquer forma, encontrei um link muito interessante sobre todas as versões já compostas para hino soviético e russo.

    http://www.hymn.ru/index-en.html

    De todas as versões, a que mais me agrada é composta por Alexander Alexandrov, que na minha opinião tem uma melodia muito mais imponente que a composta por Mikhail Glinka. Outros compositores, além do já citados, compuseram melodias para os hinos soviético e russo, porém nenhuma melodia é atribuída a Khachaturian.

    Para quem quiser ouvir o Hino da Armênia, composto por Khachaturian, muito belo por sinal, eis o link:
    http://folk.ntnu.no/makarov/temporary_url_20070929kldcg/anthem-ssr-armenian-melcd.mp3

  3. A história que contei acima li numa Folha de São Paulo. Porém…

    Do livro sobre Shostakovich de Lauro Machado Coelho:

    “Numa dessas audições, Stalin apareceu de surpresa e fez uma sugestão absurda: que Shostakovich e Khatchaturian apresentassem um hino escrito a quatro mãos. Os dois amigos, sem saber direito o que fazer, compuseram, cada um, um hino diferente, usando um poema patriótico de Mikhail Golódnyi. Depois montaram a partitura com a primeira parte escrita por Aram a segunda por Dmitri. E tiraram a sorte para saber quem a orquestraria (Khatchaturian ganhou o sorteio).”

    Pág. 212-213 de “Shostakovich Vida, Música, Tempo”. Ed.Perspectiva.

    Mas o hino era tão horroroso que escolheram outro, de um certo Aleksándrov. Aliás, citado acima, o que comprova que teu gosto musical é parecido com o de Stálin… Brincadeira, Stálin gostava de boa música. O que fazer?

    1. Imaginei, já que tinha sido composto a pedido de Stalin, que o hino chegara a ser escolhido e oficializado, mesmo tendo saído uma verdadeira merda, e nesse caso acho muito difícil que a partitura tenha sobrevivido. Fiquei triste, pois estava muito curioso para ouví-lo e foi exatamente isso que me instigou a fazer a pesquisa.

  4. Realmente, seu texto, PQP, não é nada “clássico” aqui.
    Mas mui grato pela postagem.
    Só por curiosidade, a quem possa interessar: há uma versão punk de “Sabre Dance” da banda inglesa Toy Dolls, disco “Wake, Wake”. Como, ao contrário do PQP, eu gosto das Danças de Sabres, pelo ritmo alucinado que têm, também gosto da versão dos Toy Dolls.
    abraços!

  5. Quem poderia fazer um comentário sobre a Toccata de Katchaturian? Eu toco essa peça a anos mas nenhum dos meus professores me responderam sobre em que ocasião ela foi composta. Só sabem falar das lendas sobre Mozart e Beethoven, acho que eles não entendem a música russa, eslava, georgiana, soviética (seja lá o nome que vcs queiram dar) Parece que vocês sabem bem mais do que eles.Fz o que? Obrigada

  6. Adoro o PQP Bach pela constância e qualidade das postagens, mas não dá para deixar passar a gafe: o “apito” realmente é referente ao serrote, que na gravação em questão foi substituído pelo flexatone (essa substituição é muito comum, por sinal). Creio que o original deveria ser para serrote mesmo.
    Ouvi esse concerto ao vivo tocado pela Filarmônica de Minas Gerais em 2009, regida pelo Fábio Mechetti, com o americano Terence Wilson ao piano (e que senhor pianista!). Nessa oportunidade, a parte foi tocada com o serrote mesmo, instrumento que foi executado pelo Sérgio Aluotto. Inclusive ao vivo o som do serrote ficou mais pronunciado e realmente dava algo de muito fantasmagórico, o que me soou de dar arrepios.

  7. E ontem, pra completar, a Filarmônica de MG tocou o concerto para violino, com o violinista Nicolas Koeckert. Impressionante!

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