Ludwig van Beethoven (1770-1827): Integral dos Quartetos de Cordas (Kodály) (CD 8 de 9)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Originalmente, o Quarteto Op.130 era finalizado por uma enorme fuga. Depois, Beethoven resolveu separá-la do restante, criando a Grande Fuga (Grosse Fugue), Op. 133. Só que a indústria fonográfica atrapalhou as intenções do compositor. Creio que todos os discos de vinil e CDs que têm o Quarteto Op. 130, trazem a Grosse Fugue no final. Ou seja, a separação da fuga como obra autônoma não valeu para as gravações pelo simples motivo que é mais lógico colocá-la ali, logo após o Finale do Quarteto. É uma espécie de descumprimento póstumo. Você desejava assim, mas nós queremos assado… É claro que o CD do Kodály também traz a Grosse Fugue logo ali atrás, grudadinha no colo materno.

Fico pensando nos motivos que teriam levado Beethoven a separar a obra em duas. Talvez a razão fosse a inacreditável Cavatina, que normalmente era a última faixa do lado 1 dos discos… A Cavatina foi muitas vezes saudada pelo compositor como uma de suas maiores realizações. E é. Movimento aparentado do glorioso Adagio da Nona Sinfonia e ainda mais do terceiro movimento do Op. 132, é belíssima, com algumas melodias claras e outras apenas sugeridas, balbuciadas. Coisa de gênio. Talvez ele não quisesse ter dois movimentos tão significativos juntos, ou talvez achasse que a fuga tinha espírito diverso do resto ou que o quarteto já estava muito grande, não sei. Ou talvez algum de nossos leitores-ouvintes saiba o real motivo e o explique nos comentários.

O que importa é que este quarteto não fica a dever em nenhum aspecto a meu preferido, o Op. 132. É também genial e foi o primeiro que conheci, numa gravação do início dos anos 60 feita pelo Quarteto Amadeus, com a enorme carranca de Ludwig van na capa. Um presente do Dr. Herbert Caro há exatos de 37 anos.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Integral dos Quartetos de Cordas (CD 8 de 9)

1. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Adagio ma non troppo: Allegro 13:00
2. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Presto 2:03
3. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Andante con moto ma non troppo 6:28
4. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Alla danza tedesca: Allegro assai 2:51
5. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Cavatina: Adagio molto espressivo 6:17
6. String Quartet No. 13, B flat major, Op. 130: Finale: Allegro 9:00

7. Grosse Fuge in B flat major, Op. 133

Kodály Quartet

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Separo a Grosse Fugue do 130 ou deixo assim?
Separo a Grosse Fugue do 130 ou deixo assim?

PQP

13 comments / Add your comment below

  1. Bruckner: Symphony No.8 – Joseph Keilberth (Live 1966)
    1966 | Ape, Cue, Scans | 379 MB | 4 RARs

    ANTON BRUCKNER (1824-1896)
    Symphonie Nr.8 c-moll
    Fassung von 1890
    (Mixed Version – Ed. Robert Haas [1939])

    1. Allegro moderato
    2. Scherzo. Allegro moderato – Trio. Langsam
    3. Adagio. Feierlich langsam; doch nicht schleppend
    4. Finale. Feierlich, nicht schnell

    Kölner Rundfunk-Sinfonie-Orchester
    JOSEPH KEILBERTH

    Recording: WDR Funkhaus, 4 November 1966

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  2. Sim…. O nosso amigo PQP tem razão. No entanto, ha varias interpretações para o op. 132. É verdade que há a quebra da estrutura classica de 4 movimentos para esse tipo de obra. Mas, sem duvida podemos perceber a presença de 4 elementos principais:

    1. Primeiro movimento – allegro; 2. O scherzo substancial do segundo movimento; 3. O movimento lento, com variação dupla (Cantico sacro de agradecimento de um convalescente à divindade no modo lídio); 4a. Alla marcia, que é introdução para o final; 4b. o finale, allegro apassionato.

    Já notaram que o op 132 como os ultimos quartetos parece fazer uma ligação extraordinaria entre elementos clássicos, romanticos e barrocos? Há a presença de elementos contrapontisticos, da fuga, há elementos que o proprio beethoven chamava de “poético”, mesmo quando escrevia para fuga por exemplo, e há as vezes o regaste da forma sonata e das tradição de Haydn e Mozart, nem que seja para fazer uma paródia (vide o movimento substituto da Grande Fuga).

    O scherzo do op.132 alude a evocações pastorais, e parece retornar às musettes da suites de Bach.

  3. O interessante do op.132 é Beethoven escolher o modo lídio no seu terceiro movimento. Esse cantico, tem um carater arcaico, associado à cura e à recuperação. Para associar essa experiencia como nenhum de seus predecessores, Beethoven cria uma melodia coral em cinco frases; alguns autores conjecturam a influencia de Palestrina, mas a verdade é que Beethoven a inventou!

  4. Agora o post atual me fascina! Quando beethoven começou a fazer os rascunhos do op 130 ele colocou: “Quarteto com uma introdução séria e pesada” e depois prognosticou que a obra deveria acabar com um final em fuga.

    A estrutura do op.130 é inteiramente nova até então! Comparados com a sequencia cronologica e ascendente do op.131 e da intensidade cíclica do op.132, o op 130 é uma sucessão de 6 movimentos deliberadamente desequilibrados entre si! O primeiro e o ultimo movimento, forma sonata e fuga, são igualmente pesados embora inteiramente diferentes, na extensão e na forma. Entre eles existem 4 movimentos de diferentes “caracteristicas”. O todo desse quarteto está mais para um colar de perolas de diferentes cores e facetas de luz do que qualquer outro dos ultimos quartetos.

  5. Agora, para concluir meus comentários… O que voces acham da polemica do ultimo movimento substituto da grande fuga? Um crítico da epoca disse que a Grande Fuga, quando foi apresentada pela primeira vez, era tão incompreensivel quanto o chines.

    Alguns argumentam que, como beethoven autorizou a separação da fuga do restante da obra, e escreveu um pequeno finale em seu lugar, essa ultima decisão deveria prevalecer.

    Outro ponto de vista, encabeçado por Schoenberg e os membros do quarteto Kolisch é que a concepção de beethoven em relação a obra, vinculava a grande fuga como final desde o começo, e ele só separou a fuga por uma pressão, e diante da possibilidade de não haver a publicação da obra. Portanto, nao foi uma decisão artistica mas uma pressão dos seus amigos e associados, que nao compreendiam a fuga.

    Existe verdade em ambos os casos. A verdade que beethoven deixou esse dilema para a posteridade, que nunca será concluido totalmente. Os dois finais sao muito diferentes entre si. E ambos são geniais! No caso do finale que ficou, a tradição remonta a Haydn, mas de maneira genial e inteiramente nova. A figura da viola com que o movimento se inicia NUNCA será repetido da mesma forma.

    No caso da grande Fuga, a tradiçao remonta a Bach, mesmo sabendo que Bach não era muito conhecido na época de Beethoven. Que se saiba com certeza e sem medo de errar, Beethoven só conhecia de Bach o cravo bem temperado, obra que ele conheceu na adolescencia, em aulas de contraponto com Neefe. Lewis Lockwood chama a Grande Fuga de “A arte da Fuga de Beethoven” mesmo ter certeza de Beethoven conhecia a Arte da Fuga de Bach. Será que a “overtura” com que ele inicia a grande fuga, esse grande discurso poetico, esse leviatá de 741 compassos, não remonta à “overtura” das Variações Goldberg? Esse termo beethoven nao usou em nenhum lugar, e tem relação com a overture francesa do barroco…. Ha legioes de exemplos em Handel e em Bach!

  6. O certo é que a Grande Fuga é tão complexa de examinar quanto a Nona sinfonia. Ela nao é uma fuga no sentido bachiano: Ou seja, o incansavel trabalho sobre as possibilidades de combinaçao inerentes a um unico sujeito, ou, as vezes, a dois sujeitos. Ela é um discurso poetico, um animal gigantesco!

    A interpretação mais simples, e talvez mais fácil a ´nós, os leigos, é que ela é uma obra no sentido hegeliano, revelando uma poderosa dialética em que existe uma oposição de duas visoes antagonicas da natureza, representadas por dois temas: um suavemente melancolico e outro com exuberante alegria. Segundo Vincente D’Indy ” depois da apresentação de ambos os temas,começa uma guerra aberta entre a alegria descuidada e o pensamento sério”, este ultimo gradualmente vencendo o seu frivolo e irrefletido oponente.

  7. PQP, agora que percebi, relendo os meus comentarios, que há necessidade de esclarecer o porque das duas opiniões diversas. Uma breve cronologia:

    Maio-Setembro de 1825: Beethoven trabalha na composição do op.130, tendo a fuga como seu único final pretendido.

    6 de Julho de 1825: Beethoven informa a Galitzin que o quarteto esta quase terminado.

    24 de agosto: Beethoven escreve a Karl e Holz que o quarteto ainda nao terminou, e que estará terminado dentro de 10 dias.

    Janeiro de 1826: Schuppanzigh e seu quarteto ensaiam a obra e acham ela muito dificil especialmente a fuga. Artaria decide edita-la, pagando a beethoven 80 ducados. Demorou seis meses para ainda sair.

    março de 1826: A primeira apresentação do op.130 ocorre em viena, com o quarteto Schuppanzigh , com a fuga como final. O presto e o alla danza tedesca sao repetidos, a audiencia fica desnorteada com a fuga. O critico odo Allgemeine Musikalische Zeitung diz que a fuga é tao incompreensivel quanto o chines. Ele se compadece da loucura e surdez de beethoven “que nao sabe o que faz”.

    Agosto de 1826: Artaria prepara a publicação do op.130 com a fuga no final. Começam a circular rumores no circulo de beethoven, liderados por Johann van Beethoven e Holz de que os outros movimentos do quarteto estão sendo bem recebidos, mas nao o final, e que essa fuga é extremamente dificil para os interpretes e para o publico. Holz procura beethoven e pede que ele escreva um novo final, separando a fuga e publicando-a isoladamente. Segundo Holz, beethoven queria mais tempo pra pensar, mas no dia seguinte “ele me enviou um bilhete no qual dizia que estava querendo aceitar e que para o novo final eu deveria negociar um honorário de 15 ducados”.

    Setembro de 1826: Holz continua a encorajar beethoven a escrever um novo final: “Isso significa mais dinheiro pra voce, o editor precisará pagar os custos”. No final de setembro, enquanto beethoven se prepara para ir a Gneixendorf, Holz lhe diz: “Voce deveria trabalhar mais no final, voce o faria em uma hora.”

    Final de setembro-novembro: Beethoven escreve o final. Artaria recebe-o em 22/11/1826

    26 de março de 1827: Beethoven morre.

    10 de maio: Artaria publica a edição do op.130 com o novo final e a Grosse Fuge como op.133 bem como um arranjo para a fuga para 4 maos.

  8. Já pensou em escrever um livro Fábio? Não estou sendo irônico, estou falando a verdade. Achei muito bem estruturada sua esplanação, deixou transparecer o sentido facilmente sem a utilização de “chavões de sentido” (não sei se o termo existe, mas acredito que seja claro), enfim, frases e conceitos muito utilizadas que facilitam a interpretação devido ao seu uso excessivo.
    De qualquer forma obrigado. Cada dia que acesso esse blog aprendo novas coisas (por diverssas vias, pelo visto).

  9. (risos)

    Aron… mas isso tudo ja foi escrito em outras obras de Beethoven. Ficaria meio plágio eu revisitar um caminho ja percorrido a nível inferior dos autores que já escreveram isso.

    O milton tem veia para escritor. Eu não.

  10. Não estou me referindo à informação, mas à técnica. Não sou crítico literário, e você provavelmente não é um genio da literatura (afinal ser um um genio em algo é praticamente impossivel, só algumas monstruosidades aqui e ali conseguem), mas de qualquer forma você leva jeito para a coisa, e não acho tão absurda a idéia de tentar.
    8 )
    (sim, o Milton também tem jeito (comprovado) para a escrita)

  11. Fonte meio duvidosa (wikipedia), mas aí vai:

    “Beethoven originally composed the massive fugue as the final movement of his String Quartet No. 13 (Op. 130). However, the Fugue was so demanding of contemporary performers and unpopular with audiences that Beethoven’s publisher, Matthias Artaria[1], urged him to write a new finale for the string quartet. Beethoven, although notorious for his stubborn personality and indifference to public opinion or taste, acquiesced to his publisher’s request on this occasion and published the Fugue as a separate opus number, opus 133. He then wrote a finale that replaced the Fugue, which is considerably lighter in character, more akin to the other movements of the opus 130 quartet. Today, performances of the quartet include either the Fugue or its replacement movement.”

    link: http://en.wikipedia.org/wiki/Grosse_Fuge

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