Foi mais rápido do que pensei: obrigado, Velox 300!
Eis Le bal masqué, de Poulenc, compositor que parte de vocês conhece e cuja obra é de uma alegria toda pessoal e invulgar, como poucos lograram na História da Música (Poulenc foi quem melhor herdou a veia satírica de Erik Satie, por mais que tentem encher a bola de Milhaud).
Tem outras peças bacanas no CD, mas a principal é esse “baile de máscaras” doideca, cuja letra de Jean Cocteau é deveras engraçada.
(Atualização do post: o visitante Egberto Gustavo Carmo nos escreveu para corrigir que a letra não é de Cocteau e sim de Max Jacob, além de fazer uma ótima descrição da obra, que transcrevemos abaixo)
Olá, gostaria de retificar o informado.
Baile de máscaras resulta numa cantata secular que aproveita textos originais de poemas de M. Jacob (1876-1944), e não de Jean Cocteau como citado, e foi escrita no início de 1932 sendo estreada em Abril desse ano. Foi composta para um spectacle-concert organizado por Marie-Laure e Charles Noailles na sua mansão em Hyères. Trata-se de uma obra que deixou o compositor particularmente orgulhoso, sobretudo por ter conseguido “…encontrar os meios para glorificar a atmosfera suburbana que tanto gosto. Tudo isto graças ao texto de Jacob […] e ao material instrumental utilizado”. O “Préambule et Air de bravoure” é pleno de dinâmica e ironia, aliás, traços característicos de Poulenc. O “Intermède”, instrumental, de carácter mais lírico, apresenta uma continuidade rítmica que torna melíflua a sucessão de eventos que vão tomando lugar na partitura. Depois da toada cigana da valsa “Malvina”, segue a “Bagatelle” que, à guisa de um capricho virtuosístico, faz lembrar o estilo de N. Paganini (1782-1840), ainda que numa linguagem do século XX. Ao escrever La Dame aveugle, Poulenc teve como inspiração uma mulher muito rica que costumava observar durante a sua adolescência em Nogent-sur-Marne. O seu aspecto espalhafatoso terá impressionado de tal forma o compositor que esta foi a forma que encontrou para a retratar. O Finale pretende ser “estupendo
e terrifico”, segundo suas proprias palavras, trata-se da chave da obra reunindo os diferentes estilos ouvidos até o mesmo.”O auto-retrato perfeito de Max Jacob conforme o conheci pessoalmente em Montmartre em 1920″.
Este post é para o CDF, o cultuador da música do séc. XX neste blog.
***
Poulenc – Le bal masqué
Vide a lista de faixas e intérpretes no mesmo link da Amazon – muito extensa até pra editar e copiar aqui.
CVL
Puxa, foi rápido mesmo! Achei que iria esperar pelo menos uma semana! Está novamente de parabéns CVL.
Muito obrigado por mais este esplendoroso post!
caro CVL, será que seria possível disponibilizar ao menos a orquestra e regente dessas peças? obrigado
Caro CVL, essa obra junto como concerto para orgão de Poulenc são minhas paixões. Agradeço o post.
Olá, gostaria de retificar o informado.
Baile de máscaras resulta numa cantata
secular que aproveita textos originais
de poemas de M. Jacob (1876-1944), e não de Jean Cocteau como citado, e foi escrita no início de 1932 sendo estreada
em Abril desse ano. Foi composta para
um spectacle-concert organizado por Marie-
-Laure e Charles Noailles na sua mansão
em Hyères. Trata-se de uma obra que deixou
o compositor particularmente orgulhoso,
sobretudo por ter conseguido “…encontrar
os meios para glorificar a atmosfera
suburbana que tanto gosto. Tudo isto
graças ao texto de Jacob […] e ao material
instrumental utilizado”. O “Préambule
et Air de bravoure” é pleno de dinâmica
e ironia, aliás, traços característicos
de Poulenc. O “Intermède”, instrumental,
de carácter mais lírico, apresenta uma
continuidade rítmica que torna melíflua
a sucessão de eventos que vão tomando
lugar na partitura. Depois da toada cigana
da valsa “Malvina”, segue a “Bagatelle”
que, à guisa de um capricho virtuosístico,
faz lembrar o estilo de N. Paganini
(1782-1840), ainda que numa linguagem
do século XX. Ao escrever La Dame aveugle,
Poulenc teve como inspiração uma mulher
muito rica que costumava observar durante
a sua adolescência em Nogent-sur-Marne.
O seu aspecto espalhafatoso terá
impressionado de tal forma o compositor
que esta foi a forma que encontrou para
a retratar. O Finale pretende ser “estupendo
e terrifico”, segundo suas proprias palavras,
trata-se da chave da obra reunindo os diferentes
estilos ouvidos até o mesmo.”O auto-retrato perfeito
de Max Jacob conforme o conheci pessoalmente em
Montmartre em 1920″.
Muito obrigado pelo comentário, Egberto. Vamos providenciar a correção.