Johannes Brahms (1833-1897) – Ein Deustches Requiem, op. 45

Eis que FDP Bach se viu em cruel dúvida nos últimos dias: qual seria a próxima postagem, após aqueles maravilhosos trios de Mozart?

Pensou em muita coisa, fuçou toda a sua discografia, e nada dava aquele “tchan”. Beethovens, Mozarts, Schuberts, Schumanns, Bachs, é claro, mas acabou optando por Brahms e Vivaldi, postado abaixo. Não preciso falar da paixão que nutrem os irmãos PQP e FDP pela obra desse gênio alemão. Temos postado muita coisa dele. Mas não resistimos a compartilhar nossas emoções com os caros leitores/ouvintes do blog.

Pois bem, a obra escolhida de Brahms foi simplesmente “Ein Deutsches Requiem”. Escolhi esta peça pois o final de semana se aproxima, e todos terão tempo de aprecia-la com atenção. Não é uma obra fácil, ao contrário, é extremamente complexa, e considerada sua maior e mais ousada obra. Composta para grande orquestra, coro misto e dois solistas, barítono e soprano, mostra uma faceta um tanto quanto diferente de Brahms, mas coerente com seus ideais estético-musicais. Cito um pequeno trecho do filósofo alemão Ernst Bloch, colhido da biografia de Brahms escrita por Malcolm McDonald:

“à música do Requiem não falta contenção e o que lhe equivale em Brahms: uma preciosa profundidade que evita a apoteose (…) Esta música nos está dizendo que existe um broto – não mais porém não menos – que poderia florescer em alegria perpétua e que sobreviverá às trevas, que na realidade ele aprisiona dentro de si (…) Nas trevas desta música estão cintilando aqueles tesouros que estão livres da ferrugem e das traças. Referimo-nos àqueles tesouros permanentes em que a vontade e o objetivo, a esperança e sua satisfação, a virtude e a felicidade possam ser unidos, em um mundo sem decepção e de supremo bem – o réquiem circunda a região secreta do supremo bem”.

Após essa belíssima descrição, que mais podemos dizer? Ah, sim, talvez uma idéia geral da obra.

Possivelmente foi escrita entre 1865-1866, logo após a morte da mãe do compositor. Com certeza ela já vinha sendo pensada já a alguns anos. Está intimamente enraizada na Bíblia Luterana, ao contrário de outros Requiems, baseados na liturgia romana. O texto foi retirado de diversas passagens do Antigo e do Novo Testamento, e para McDonald, “se dirige essencialmente aos sentimentos dos desolados pela perda de uma pessoa querida, em uma meditação consoladora sobre o destino comum dos mortos e dos vivos. (…) Não é o primeiro Réquiem em alemão (…) mas foi o primeiro em que um compositor escolhera e moldara seu texto, para ressonâncias essencialmente pessoais, a fim de falar a um público contemporâneo numa linguagem compartilhada, transcendendo as coerções do ritual: um sermão profético a partir da experiência particular e com aplicação universal”.

A obra é dividida em sete partes:

1 – Chor: Selig sind, die da Lied tragen

2 – Chor: Denn alles Fleisch, es ist wie Grãs

3 – Solo (Bariton) und Chor: Herr, lehre doch mich

4 – Chor: Wie liebich sind Deine Wohnungen

5 – Solo (Sopran) und Chor: Ihr habt nun Traurigkeit

6 – Solo (Bariton) und Chor: Denn wir haben hie keine bleibende Statt

7 – Chor: Selig sind die Toten, die in dem Herrn sterben

A gravação é a premiada e elogiadíssima versão de Sir John Eliot Gardiner. Maiores detalhes abaixo:

Ein Deutsches Requiem

Artists

Rodney Gilfry (Baritone)

Charlotte Margiono (Soprano)

Monteverdi Choir e Orchestre Révolutionnaire et Romantique

Conducted by: Sir John Eliot Gardiner

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4 comments / Add your comment below

  1. Irmãos, grande postagem!essa é uma daquelas obras que não se pode ouvir uma única vez!Sem dúvida é uma das minhas preferidas.Aos que gostarem, há uma gravação do Requiem de 1948 pela orquestra de Estocolmo regida pelo magnífico W. Furtwängler. espetacular.abraço,

  2. O que dizer desta postagem? Que este é um dos melhores CDs que possuo, um daqueles que louvo a cada referência a este Réquiem belíssimo? A mera lembrança do coral “Denn alles Fleisch, es ist wie Gras”, deixa este comentarista arrepiado e isto é aprovação.Gosto muito também da interpretação de B. Haitink para esta obra e não me incomodaria de ouvir a versão de Furtwängler.Postando desta maneira, podes viajar o quanto quiseres, FDP!

  3. “Denn alles Fleisch” é a minha trilha sonora. Nenhuma outra música se moldou tão bem à minha alma quanto a primeira parte deste movimento, antes do “So seid Ihr geduld”.

    É simplesmente a música com que quero ser anunciado no Dia do Juízo Final.

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